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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Fidelidade ou Fanatismo?

Fidelizar clientes é o objetivo de qualquer empresa, não importa o porte ou segmento que atue. Por conta disso, o mercado investe anualmente milhões em pesquisas visando descobrir e entender as necessidades, as crenças e, se possível, as aspirações mais secretas do público consumidor.
Com todos os dados em mãos, outros milhões são gastos em planejamento e estratégias para sensibilizar o comprador, mostrando a ele que o produto/serviço de determinada empresa é especial, único e adequado a seu estilo de vida.

Depois de tudo muito bem discutido e acertado, os criativos produzem as peças e as ações mais adequadas ao conceito, entregando a mensagem através das mídias online e off-line.

No entanto, todo o esforço e investimento não evitam a traição do cliente avaliado como fiel. Aquela promoção especial da concorrência é como uma tentadora maçã esperando para ser mordida e dependendo de como for saboreada, pode trazer baixas significativas à fidelidade.

Longe de todo esse jogo de mercado, em algum lugar não muito distante, existe um tipo de cliente que idolatra os produtos/serviços da sua empresa preferida e nunca a trairá. Essa idolatria não foi conquistada por conta do trabalho bem sucedido de marqueteiros, é algo mais próximo do amor à primeira vista, que virou paixão e agora não há como voltar a trás. Essa espécie de cliente é chamada de Brand Lover, pessoas apaixonadas por determinadas marcas e capazes de dispor de tempo e dinheiro apenas para divulgar, gratuitamente, o objeto de sua paixão. Elas criam sites, blogs, acompanham eventos, divulgam a amigos e parentes e, principalmente, gastam muito dinheiro adquirindo a fonte de seu fanatismo. Utilizam as redes sociais para exaltar as qualidades do produto/serviço e não fogem da briga quando alguém critica ou aponta erros de seu bem amado. 
Também estão dispostos a desqualificar a concorrência, quando a oportunidade surge.

Esse comportamento é próprio dos Brand Lovers e aparentemente não há como reproduzir ou estimular em outros grupos que não tenham a mesma propensão. Entretanto não é algo raro como possa parecer.

Traçando um paralelo entre os fanáticos por marcas e o que acontece na política brasileira, podemos notar certa similaridade.

Envolvendo o público de todas as classes sociais, os Brand Lovers da política desenvolvem paixão por pessoas e agremiações que o bom senso nos aconselharia o contrário. Nem a evidente avalanche de fatos e provas de corrupção são suficientes para arrefecer esse sentimento, sendo o militante capaz de cortar relações com familiares próximos, por conta de pessoas que só viu pela televisão ou em comícios.

 Mas como se diz, cada louco com sua mania e para evitar atrito cito outro ditado popular: não se deve discutir religião, política, futebol e, quem sabe, paixão por certas marcas.

Veja abaixo a matéria do Jornal da Cultura, sobre o tema. Nela, nenhum dos comentaristas chega a uma conclusão convincente.

Não sei até que ponto esse tipo de comportamento foi estudado, porém, acredito que se entendêssemos melhor a sua origem e como evitá-lo, talvez conseguíssemos avanços significativos na sociedade, na psicologia e na comunicação de mercado. 




sábado, 11 de abril de 2015

A Publicidade e a Filosofia.

Esta semana li um interessante artigo do filosofo Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo. O título é “A Publicidade e o Neandertal” e abaixo, tomo a liberdade de transcrever alguns trechos.

"A publicidade é a melhor ciència social contemporânea. Sei, dizer isso dessa forma é um exagero. Mas nem tanto. Em se tratando de exposição do comportamento contemporâneo (...) o cinema e a TV estão aquém da publicidade. Muito do cinema, das telenovelas e dos "talk shows" hoje em dia é feito para agradar a sensibilidade brega do politicamente correto."

"Agora imagine um cara com coque samurai e barba hisper (termo usado para se referir um grupo de pessoas pertecentes a um contexto social subcultural da classe média urbana) num elevador indo para uma piscina de um hotel. Imagine uma mina gostosa com cabelo assanhado e look radical na mesma situação. Em seguida, imagine os dois, à noite, no mesmo elevador.

Ele agora com paletó social "casual" e ela com casaco chique descolado com cara de caro. Os dois sorriem um para o outro. Você pensa: ele vai pegar a mina.

O comercial fala de um site chamado Trivago, que te leva para hotéis que saem mais barato do que se você fizer a busca de outra forma.

A ferramenta faz comparações de preço e assim te dá mais informações sobre os diferentes preços e ofertas do mercado hoteleiro.

No comercial, ela pagou mais barato pelo mesmo hotel porque usou a Trivago. O negócio funciona o qu importa para quem quer consumir hotéis e pronto.

Mas o comportamento contemporâneo que ele revela vai além da intenção pura da venda.

Aqui está seu caráter de ferramenta de conhecimento do mundo da mercadoria disfarçado de revolucionário: eles são "radicais", mas, no fundo não passam de um casal em busca de amor, sexo e preços mais em conta.

Ou seja, o que todo mundo quer, mesmo que brinque de "radical".

Esses radicais também têm um lugar ao sol que os acolhe. O look é apenas uma afetação de estilo para alguém que só quer pagar mais barato o hotel.

Num segundo comercial, o casal já está junto, e ela procura um hotel para eles irem. Na última cena, ele a carrega no colo andando pelo corredor de um hotel. E ela, em seu colo, parece se sentir a mulher mais bem cuidada do mundo.

Vendo uma "mina" dessa, você pode jurar que ela seria aquele tipo de garota que tem opiniões fortes sobre a opressão das mulheres e de como as gerações anteriores a ela eram caretas e dominadas.

Vendo um cara como esse, você imaginaria o tipo de frouxinho contemporâneo revolucionário sensível.

No fim, ela sonha com um cara de "verdade", que a proteja e seja seguro e forte (para carregá-la) e ele sonha com uma "mina" gostosa que goze com sua força. Um neandertal entenderá a mensagem."

Resumindo, não importa a tribo a que pertença, a essência do ser humano continua a mesma desde que descemos das árvores.

Pense nisso quando criar uma campanha.


PS: Em relação ao último post do dia 09 de abril, o CONAR, por maioria de votos, decidiu pelo arquivamento da representação contra a campanha de carnaval da SKOL.


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