Esta
semana li um interessante artigo do filosofo Luiz Felipe Pondé, na Folha de São
Paulo. O título é “A Publicidade e o Neandertal” e abaixo, tomo a liberdade de
transcrever alguns trechos.
"A publicidade é a melhor ciència social contemporânea. Sei, dizer isso dessa forma é um exagero. Mas nem tanto. Em se tratando de exposição do comportamento contemporâneo (...) o cinema e a TV estão aquém da publicidade. Muito do cinema, das telenovelas e dos "talk shows" hoje em dia é feito para agradar a sensibilidade brega do politicamente correto."
"Agora imagine um cara com coque samurai e barba hisper (termo usado para se referir um grupo de pessoas pertecentes a um contexto social subcultural da classe média urbana) num elevador indo para uma piscina de um hotel. Imagine uma mina gostosa com cabelo assanhado e look radical na mesma situação. Em seguida, imagine os dois, à noite, no mesmo elevador.
Ele agora com paletó social "casual" e ela com casaco chique descolado com cara de caro. Os dois sorriem um para o outro. Você pensa: ele vai pegar a mina.
O comercial fala de um site chamado Trivago, que te leva para hotéis que saem mais barato do que se você fizer a busca de outra forma.
A ferramenta faz comparações de preço e assim te dá mais informações sobre os diferentes preços e ofertas do mercado hoteleiro.
No comercial, ela pagou mais barato pelo mesmo hotel porque usou a Trivago. O negócio funciona o qu importa para quem quer consumir hotéis e pronto.
Mas o comportamento contemporâneo que ele revela vai além da intenção pura da venda.
Aqui está seu caráter de ferramenta de conhecimento do mundo da mercadoria disfarçado de revolucionário: eles são "radicais", mas, no fundo não passam de um casal em busca de amor, sexo e preços mais em conta.
Ou seja, o que todo mundo quer, mesmo que brinque de "radical".
Esses radicais também têm um lugar ao sol que os acolhe. O look é apenas uma afetação de estilo para alguém que só quer pagar mais barato o hotel.
Num segundo comercial, o casal já está junto, e ela procura um hotel para eles irem. Na última cena, ele a carrega no colo andando pelo corredor de um hotel. E ela, em seu colo, parece se sentir a mulher mais bem cuidada do mundo.
Vendo uma "mina" dessa, você pode jurar que ela seria aquele tipo de garota que tem opiniões fortes sobre a opressão das mulheres e de como as gerações anteriores a ela eram caretas e dominadas.
Vendo um cara como esse, você imaginaria o tipo de frouxinho contemporâneo revolucionário sensível.
No fim, ela sonha com um cara de "verdade", que a proteja e seja seguro e forte (para carregá-la) e ele sonha com uma "mina" gostosa que goze com sua força. Um neandertal entenderá a mensagem."
Resumindo, não importa a tribo a que pertença, a essência do ser humano continua a mesma desde que descemos das árvores.
Pense nisso quando criar uma campanha.
PS: Em relação ao último post do dia 09 de abril, o CONAR, por maioria de votos, decidiu pelo arquivamento da representação contra a campanha de carnaval da SKOL.
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