Fidelizar clientes é o objetivo de qualquer empresa, não
importa o porte ou segmento que atue. Por conta disso, o mercado investe
anualmente milhões em pesquisas visando descobrir e entender as necessidades,
as crenças e, se possível, as aspirações mais secretas do público consumidor.
Com todos os dados em mãos, outros milhões são gastos em
planejamento e estratégias para sensibilizar o comprador, mostrando a ele que o
produto/serviço de determinada empresa é especial, único e adequado a seu
estilo de vida.
Depois de tudo muito bem discutido e acertado, os criativos
produzem as peças e as ações mais adequadas ao conceito, entregando a mensagem através
das mídias online e off-line.
No entanto, todo o esforço e investimento não evitam a
traição do cliente avaliado como fiel. Aquela promoção especial da concorrência
é como uma tentadora maçã esperando para ser mordida e dependendo de como for
saboreada, pode trazer baixas significativas à fidelidade.
Longe de todo esse jogo de mercado, em algum lugar não muito
distante, existe um tipo de cliente que idolatra os produtos/serviços da sua empresa
preferida e nunca a trairá. Essa idolatria não foi conquistada por conta do trabalho
bem sucedido de marqueteiros, é algo mais próximo do amor à primeira vista, que
virou paixão e agora não há como voltar a trás. Essa espécie de cliente é chamada
de Brand Lover, pessoas apaixonadas por determinadas marcas e capazes de dispor
de tempo e dinheiro apenas para divulgar, gratuitamente, o objeto de sua
paixão. Elas criam sites, blogs, acompanham eventos, divulgam a amigos e
parentes e, principalmente, gastam muito dinheiro adquirindo a fonte de seu
fanatismo. Utilizam as redes sociais para exaltar as qualidades do produto/serviço
e não fogem da briga quando alguém critica ou aponta erros de seu bem amado.
Também estão dispostos a desqualificar a concorrência, quando a oportunidade
surge.
Esse comportamento é próprio dos Brand Lovers e
aparentemente não há como reproduzir ou estimular em outros grupos que não
tenham a mesma propensão. Entretanto não é algo raro como possa parecer.
Traçando um paralelo entre os fanáticos por marcas e o que acontece
na política brasileira, podemos notar certa similaridade.
Envolvendo o público de todas as classes sociais, os Brand
Lovers da política desenvolvem paixão por pessoas e agremiações que o bom senso
nos aconselharia o contrário. Nem a evidente avalanche de fatos e provas de corrupção
são suficientes para arrefecer esse sentimento, sendo o militante capaz de
cortar relações com familiares próximos, por conta de pessoas que só viu pela
televisão ou em comícios.
Mas como se diz, cada
louco com sua mania e para evitar atrito cito outro ditado popular: não se deve
discutir religião, política, futebol e, quem sabe, paixão por certas marcas.
Veja abaixo a matéria do Jornal da Cultura, sobre o tema.
Nela, nenhum dos comentaristas chega a uma conclusão convincente.
Não sei até que ponto esse tipo de comportamento foi
estudado, porém, acredito que se entendêssemos melhor a sua origem e como evitá-lo,
talvez conseguíssemos avanços significativos na sociedade, na psicologia e na
comunicação de mercado.