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sábado, 21 de março de 2015

A Margem de Erro dos Institutos de Pesquisa.

Aproveitando as manifestações da última semana, hoje vou tocar em um assunto que me preocupa. E já faz algum tempo. Não meu caro leitor, eu não pretendo falar sobre política. Mas, por outro lado, é algo relacionado.

Nas manifestações de sexta 13/03/2015 foram contabilizados pela PM, 12 mil participantes, e nas de 15/03/2015, cerca de 1 milhão de pessoas. Também de acordo com o noticiário, o método utilizado pela polícia reunia filmagem do percurso por helicóptero e o pressuposto de que em cada metro quadrado cabiam 5 pessoas.

Já o DataFolha, apresentou  procedimento distinto. Um método complicado, no qual tentava contar não apenas aqueles que estavam nas manifestações, mas também os que entravam e saíam do evento. Através desse procedimento, criaram a expectativa de que os números finais seriam superiores aos da PM.  Porém isso só aconteceu em uma das passeatas. Segundo o Instituto de Pesquisas, a manifestação da CUT teve 41 mil participantes, e a do dia 15, incríveis 210 mil. Digo incríveis, pois, dei uma passada por lá e vi um mar de gente amontoada por todos os cantos, que a cada chegada de um trem do metrô, se tornava maior. 

Quando questionado, o DataFolha afirmou que a diferença absurda aconteceu por adotar um método que não contabilizava a multidão que também se espremia nas ruas adjacentes a Paulista.

Além desse episódio, lembro-me das pesquisas eleitorais dos últimos anos.  Os institutos garantiam que não haveria segundo turno e erraram feio.

Depois dessa rápida introdução chego ao tema do meu comentário. Até que ponto um Instituto de Pesquisa pode nos levar a conclusões erradas. Seja pelo equivoco do método escolhido, seja pela condução tendenciosa.

Na juventude, presenciei pesquisas de campo - de institutos importantes na época  - onde o entrevistador direcionava as entrevistas com a intenção de cumprir as metas que lhe foram estabelecidas, sem se preocupar com o prejuízo a veracidade da informação. Ou, quando ganhavam por questionário preenchido, adequavam as respostas para que o maior número de entrevistados passassem por todos os filtros estabelecidos. Era o tipo do procedimento ganha-ganha, onde o pesquisador validava o formulário, garantindo a sua comissão e o pesquisado ganhava o premio destinado a quem chegasse até o fim. O único perdedor era o contratante.

Outra falha comum aparecia logo no enunciado. Dependendo da classe social a que estivesse direcionada, a formulação da pergunta podia conter uma afirmação que tornava a resposta tendenciosa. Como se fosse uma verdade irrefutável, intimidando a discordância do entrevistado.

É certo que novos procedimentos foram incorporados às pesquisas justamente para evitar esse tipo de ruído, porém, antes de contratar um instituto, é bom conhecer seus métodos, seu currículo e suas referencias. No entanto, mesmo com esses cuidados, é preciso ter em mente que: ninguém é totalmente isento; que o pessoal de campo geralmente é mal remunerado; e que não é fácil encontrar pessoas (de um universo especifico) dispostas a doar seu tempo para responder perguntas - que muitas vezes parecem não fazer sentido - sem que haja uma contrapartida atraente.


Pergunta: Qual dos amigos (as) estaria disposto a perder de quinze a quarenta minutos em uma pesquisa virtual, onde você pode ficar: muito interessado, interessado, indiferente, pouco interessado ou nada interessado, em concorrer a uma câmera digital ou Smartphone? Algum leitor que tenha participado de semelhante pesquisa, foi sorteado ou conhece alguém que tenha sido?