Aproveitando as manifestações da última semana,
hoje vou tocar em um assunto que me preocupa. E já faz algum tempo. Não meu
caro leitor, eu não pretendo falar sobre política. Mas, por outro lado, é algo
relacionado.
Nas manifestações de sexta 13/03/2015 foram
contabilizados pela PM, 12 mil participantes, e nas de 15/03/2015, cerca de 1
milhão de pessoas. Também de acordo com o noticiário, o método utilizado pela
polícia reunia filmagem do percurso por helicóptero e o pressuposto de que em cada
metro quadrado cabiam 5 pessoas.
Já o DataFolha, apresentou procedimento distinto. Um método complicado,
no qual tentava contar não apenas aqueles que estavam nas manifestações, mas também os que entravam e saíam do evento. Através desse procedimento, criaram a expectativa
de que os números finais seriam superiores aos da PM. Porém isso só aconteceu em uma das passeatas. Segundo
o Instituto de Pesquisas, a manifestação da CUT teve 41 mil participantes, e a
do dia 15, incríveis 210 mil. Digo incríveis, pois, dei uma passada por lá e vi um
mar de gente amontoada por todos os cantos, que a cada chegada de um trem do metrô, se tornava maior.
Quando questionado, o DataFolha afirmou que a diferença absurda aconteceu por adotar um método que não contabilizava a multidão que também se espremia nas ruas adjacentes a
Paulista.
Além desse episódio, lembro-me das pesquisas
eleitorais dos últimos anos. Os institutos garantiam que não haveria segundo turno e
erraram feio.
Depois dessa rápida introdução chego ao tema do
meu comentário. Até que ponto um Instituto de Pesquisa pode nos levar a conclusões
erradas. Seja pelo equivoco do método escolhido, seja pela condução tendenciosa.
Na juventude, presenciei pesquisas de campo - de
institutos importantes na época - onde o entrevistador direcionava as entrevistas com a intenção de cumprir as metas que lhe foram estabelecidas, sem se preocupar com o prejuízo a veracidade da informação. Ou, quando
ganhavam por questionário preenchido, adequavam as respostas para que o maior número de entrevistados passassem por todos os filtros estabelecidos. Era o tipo do
procedimento ganha-ganha, onde o pesquisador validava o formulário, garantindo
a sua comissão e o pesquisado ganhava o premio destinado a quem chegasse até o fim. O único perdedor era o contratante.
Outra falha comum aparecia logo no enunciado. Dependendo da classe social a que estivesse direcionada, a formulação
da pergunta podia conter uma afirmação que tornava a resposta tendenciosa. Como
se fosse uma verdade irrefutável, intimidando a discordância do entrevistado.
É certo que novos procedimentos foram
incorporados às pesquisas justamente para evitar esse tipo de ruído, porém, antes
de contratar um instituto, é bom conhecer seus métodos, seu currículo e suas
referencias. No entanto, mesmo com esses cuidados, é preciso ter em mente que: ninguém
é totalmente isento; que o pessoal de campo geralmente é mal remunerado; e que
não é fácil encontrar pessoas (de um universo especifico) dispostas a doar seu
tempo para responder perguntas - que muitas vezes parecem não fazer sentido -
sem que haja uma contrapartida atraente.
Pergunta: Qual dos amigos (as) estaria disposto
a perder de quinze a quarenta minutos em uma pesquisa virtual, onde você pode
ficar: muito interessado, interessado, indiferente, pouco interessado ou nada
interessado, em concorrer a uma câmera digital ou Smartphone? Algum leitor que
tenha participado de semelhante pesquisa, foi sorteado ou conhece alguém que tenha sido?
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